sexta-feira, 9 de maio de 2008

Fragmentos

Sua vida estava ali, recortada nas dúzias de fotos coladas na parede. A origem era contada pelo brilho nos olhos dos pais emoldurado pelo papel já gasto, bem ao lado, o futuro incerto de beca e canudo na mão, o sorriso posado e a bem-comportada postura contrastavam com o tom despojado ao se debruçar nos braços dos companheiros na aventura de dia ensolarado. O mosaico se observava a cada desvio de olhar, cada eternizado instante parte de uma mesma estória.
Na janela o presente que não queria viver. A pressa era grande para tornar tudo que se passava num passado preservado. As imagens congeladas eram seu tesouro, sua forma de moldar o que o tempo não torna paupável.
Então o vento passa desapercebido ao anunciar a chuva, mas o céu azul é o que se tem em mãos depois do click. O dia não será lembrado pelos cabelos molhados e tropeços em poças d´águas. Ela guarda apenas a cor do calor.



Um comentário:

Rennê Nunes disse...

Adorei a última frase Luíza!