sábado, 6 de dezembro de 2008

em letra minúscula

Hoje meu lóbulo até sangrou. A orelha tá inchada mas o brinco eu deixei. Tá dolorido mas eu deixei. Foi você que meu deu. Você. Porque não é só lembrança, presente. É parte de você em mim. A parte sua que me cabe nesse momento. Não é engraçado isso? Vinicius – ou o Orixá?- já dizia que amor só é bom se doer... ah...eu já disse que para mim isso não é amor, quer dizer, não AMOR com letra maiúscula, o pleno, o sublime. E nem é que eu goste de relativizar as coisas, mas peço uma licença para acrescentar mais de um conceito a algumas palavras. Por mais que eu busque um sentido pleno pro amor, eu, na conjugação de mais uma alma caída nesse planeta, peço para usá-lo transitivamente quando se trata do MEU amor, e não do AMOR do mundo, que não pecisa de complemento porque é meu, seu, de nós e tudo mais.

E será que talvez eu possa chamar de nosso amor, esse de letras minúsculas? Meu e seu? Algo que choca, e desencontra? Porque o nosso amor se desencontrou, só não se perdeu para sempre pois se esbarra às vezes por aí. E é bom, e dói também. Então eu quero sentir dor, assim sinto ele vivo, mesmo que nesse rebuliço de desacertos. Mas tá certo, é assim que tem que ser. Nessas quatro letras minúsculas existem muitas perguntas, e algumas dessas só tem resposta assim...

aaaaa mmmmmmo oooooooooo rrrrrrrrrrrrrrrrrr ooooooooo mmmm aaaaaaaaaaaaa

é um cabo de força pra trazer mais perto de cada um o sentido que quer se dá.

Talvez aí esteja o problema: o nosso amor não é um, ele tem que ser dividido pra dois. O meu assim, eu vou dizer, ele é bem idealizado. Veja só, uma mente realista quer o ideal. Mas como a idéia depende de cada um já sinto que vai arrebentar. Depois vem essas letras, tadinhas, tão minúsculas querendo se remendar. Putz. Vai ser frágil pra sempre.

Não há atadura pra tanto reparo. Então eu não espero nada. Sabe essas perguntas, elas querem ser feitas para um espelho, ora, elas buscam a resposta certa, aquela que encaixa perfeitamente, e é por isso que arrebenta, do outro lado não há um reflexo, é outro, é diferente. Não dá pra sustentar.

Tá entendo? É só assim que eu sei explicar! Sabe a ruptura? Então, no meio disso a gente busca os destroços, e o que dá a gente agarra, pesca no ar. Mas é que nem vidro, corta, fere, é o que resta. Dói mas é a sobra, e é bom. Tá aqui, latejando na minha orelha. vai sarar. é só o que dá pra esperar.